Estamos vacinando demais nossos cachorros?

Importante:

Somos pró vacina!

  1. Cães filhotes precisam ser vacinados visto que algumas doenças podem levar um filhote a morte muito rápido.
  2. Eu não sou veterinária e o acompanhamento de um bom veterinário é essencial para a saúde do seu animal. Esse texto é informativo e o protocolo vacinal deve ser decidido junto com seu médico veterinário de confiança.

Dito isso, vamos começar:

Será que não estamos vacinando demais nossos cachorros?

As vacinas podem salvar a vida de um cachorro mas seu excesso ou o uso desnecessário pode levar a complicações severas nos cães. Desde uma inflamação ou tumor no local da aplicação até complicações tardias autoimunes como quedas de plaquetas e anemia hemolítica. 

Vacinação de filhotes:

Nossos cachorros tomam suas primeiras vacinas por volta dos dois meses. E algumas doses de reforço a cada 3 ou 4 semanas. Veterinários e criadores responsáveis tem protocolos de vacinação diferentes e a data certinha de vacinação pode mudar entre cachorros e raças diferentes.

Um cachorro adulto que não tomou vacinas ainda, deve ser também vacinado com doses de reforço após 3 ou 4 semanas.

Clicando aqui onde você pode ver o protocolo vacinal que a médica veterinária e criadora Kathleen Schwab (veterinária responsável pela alimentação natural do Max) sugere.

Já adultos…

Hoje já sabemos que essas vacinas dadas quando filhote, garantem imunidade aos nossos cães por um tempo muito maior do que o prazo de 1 ano normalmente sugerido para revacinação. E essa imunidade pode ser confirmada pela realização de um exame de titulação de anticorpos vacinais, feito através de um exame de sangue e que tem preço equivalente ao da vacina múltipla aqui em São Paulo.

Além disso, algumas vacinas que ainda são dadas rotineiramente aqui no Brasil são classificadas como não essenciais e até mesmo não recomendadas em outros países do mundo. E isso não tem relação com a incidência de uma doença e sim com a falta de comprovação da eficácia da vacina e a não letalidade dessa doença.

Recomendações da WSAVA – Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais

Existe uma organização veterinária chamada de WSAVA que em português seria Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais (apesar de traduzirem pequenos animais, eu entendo aqui como animais de pequeno porte) que sugerem diretrizes vacinais específicas para regiões diferentes do mundo. Para a América Latina eles colocam: 

1. VACINAS ESSENCIAIS

“As vacinas essenciais são aquelas que todo o cão, independente da localização ou estilo de vida, deve receber para proteção contra infecções que causem morbidade significativa ou doença grave ou fatal.”

São elas: 

  • Cinomose, parvovírose e adenovírus. São parte da vacina múltipla, conhecida com as variações V3 – V6 – V8 e V10 dado aos filhotes como descrito anteriormente.
  • Antirábica. Dado ao filhote por volta dos 4 meses. 

2. VACINAS NÃO ESSENCIAS

São as vacinas dadas em cães em situações específicas:

  • Leptospira – dada, em alguns casos, a cães de áreas endêmicas. 
  • Complexo respiratório infeccioso (tosse dos canis) – dada a cães de abrigos ou que frequentam creches e hotéis.  
  • Leishmania – também dada, em alguns casos, a cães de áreas endêmicas.

Lembrando que essas doenças são passíveis de cura ou controle, principalmente em cães saudáveis, havendo baixo risco de óbito.

3. VACINAS NÃO RECOMENDADAS

  • Coronavírus, giárdia e microsporum canis (ligado a dermatofitose).

“Os médicos veterinários da América Latina e suas associações nacionais devem pressionar a indústria e os órgãos regulamentadores governamentais para o acesso às vacinas caninas internacionais de qualidade garantida que contenham apenas os componentes essenciais de VVM (CDV, CPV2, CAV2) ou os componentes não essenciais (Leptospira, CPiV, Bordetella). Isto permitirá a administração de vacinas essenciais contendo VVM a cada 3 anos e a vacinação anual separada com vacinas não essenciais para cães em risco.” 

Ambas as citações são do artigo da WSAVA que você pode ler clicando aqui.

E o que isso quer dizer?

  • Estamos dando vacinas em um intervalo desnecessário: Depois de vacinados quando filhotes, não precisamos revacinar anualmente com a vacina múltipla (V6 – V8 – V10). Nossos cães podem manter a imunidade até pela vida toda em alguns casos e um exame de titulação a cada 3 anos ou conforme orientação veterinária pode confirmar essa imunização.
  • Estamos dando vacinas desnecessárias: Muito marketing envolvido na venda da vacina V10 quando, na verdade, talvez uma V6 seja tudo que nossos cães precisem (ou até mesmo uma V3!). Esse número após a letra V representa a quantidade de imunizantes que tem na vacina. Exemplo: a V3 imuniza contra parvo, cinomose e adenovírus (causadora da hepatite infecciosa canina). A V10 tem componentes de doenças que não circulam no Brasil, e assim por diante.
Imagem mostra comparativo entre os tipos de vacina múltipla para cachorros.
Post do Dr. Artur Vasconcelos em seu perfil no Instagram @arturvasconcelos.vet
  • Estamos dando vacinas sem comprovação de eficácia: A vacina da giárdia é a que me fez começar toda essa investigação porque eu não me conformei quando a veterinária insistiu em aplica-la no Max filhote e mesmo assim, toda vez que ele tinha diarreia, ela já falava ‘é giárdia’. Os exames dele mostraram que nunca era. Foi aí que eu descobri que essa vacina não tem comprovação científica de sua eficácia. Inclusive ela entra na categoria de não recomendada junto com algumas outras e o Brasil é um dos poucos países do mundo que ainda faz uso dela.
  • Nossa legislação não evoluiu quando referente a vacina antirábica: A mesma vacina antirábica importada (marca, fabricante) dada aqui no Brasil tem indicação de revacinação a cada 3 anos em outros países… então por aqui é anualmente?

Aí você me diz…

‘Eu vacino meu cachorro todo ano e nunca tive problema!’

Que bom!! E que sorte!! Infelizmente aqui não é bem assim… Max tem o intestino sensível e na maioria das vezes que tomou vacina, ele teve diarréia. E eu ainda fico satisfeita que é só uma diarréia, facilmente administrável. Podia ser pior.

Minha intenção ao escrever esse texto não é levar você a não vacinar seu cachorro. Minha intenção é que você tenha essas informações e converse com o médico veterinário de sua confiança. Junto com ele, vocês podem pensar num protocolo individualizado de vacinação que atenda ao perfil e necessidades específicas do seu cachorro!

Afinal, todo cachorro é diferente e vai demandar cuidados diferentes baseado no estilo de vida, região onde mora, porte, etc.

Se quiser saber mais:

Para quem quer saber mais e mais profundamente esse assunto, aconselho a leitura dos textos da Dra. Kathleen Schwab linkado acima, do Dr. Artur Vasconcelos, muito completo e de fácil entendimento (clicando aqui) e o da Dra. Sylvia Angélico (clicando aqui) além de acompanhar seus conteúdos no Instagram sendo os perfis deles @caonutrido, @arturvasconcelos.vet e @cachorroverde respectivamente.

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